Aumento nas tarifas dos Correios e as consequências para o E-commerce
No final de fevereiro, o anúncio de um aumento nas tarifas dos Correios sobre serviços de encomendas deixou o mundo do e-commerce em polvorosa.
O reajuste no valor de diversos serviços usados por donos de lojas virtuais foram considerados abusivos, o que causou manifestações e polêmica.
Aumento nas tarifas dos Correios: o que muda
A “briga” causada pelo aumento nas tarifas dos Correios sobre serviços de encomendas parece longe de acabar.
O anúncio feito pela empresa na última terça-feira (27 de fevereiro) causou revolta entre marketplaces e e-commerces de peso, como Mercado Livre e Netshoes.
Segundo a estatal, o aumento nas tarifas dos Correios se trata de uma revisão anual de preços.
A empresa ainda afirma que a definição dos valores cobrados “é baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros”.
Com início previsto para hoje, dia 6 de março, veja exemplos do reajuste:
Fonte: Correios
De uma forma geral, esse aumento nas tarifas dos Correios significa um acréscimo médio de 29% no custo do frete.
Porém, segundo Leandro Soares, um dos diretores do Mercado Livre, “Existem diversas rotas entre cidades fora dos grandes centros que terão um aumento de até 51% no valor do frete”.
Reajuste muito superior à taxa de inflação de 3% do ano passado, não é a toa que a medida está sendo considerada abusiva por muitas empresas.
Além do aumento nas tarifas sobre os serviços de encomendas, também foram aprovadas as seguintes mudanças:
- Equiparação do redutor do SEDEX dos pacotes de MARKETPLACE e do SEDEX REVERSO de 18% para 12% (vigência em 06/03);
- Reajuste de 24% no valor do quilo adicional (vigência em 26/02);
- Reajuste de 24% no Vale Postal Eletrônico no serviço de Pagamento na Entrega no valor de R$ 15,47 (vigência em 26/02);
- Reajuste do serviço adicional de Grandes Formatos no valor de R$ 20,00 (vigência em 06/03);
- Reajuste de 24% no serviço adicional DD – Devolução de Documento Econômico no valor de R$ 7,39 (vigência em 26/02);
- Reajuste no valor mínimo mensal (cota mínima) dos pacotes de serviços de encomendas (vigência em 06/03);
- Para a precificação de encomendas não maquináveis, cujas embalagens não sejam retangulares ou quadradas será acrescida uma cobrança adicional “Outros Formatos” no valor de R$20,00 (vigência 06/03);
- Diminuição do mínimo para mensuração de peso cúbico de 10kg para 5kg (vigência 06/03);
- Incorporação de cobrança emergencial de R$ 3,00 ao valor da postagem para encomendas destinadas a regiões com elevado número de roubo de carga. Essa cobrança será aplicada ao Rio de Janeiro e região metropolitana. Para os serviços com pagamento à vista, o atendente deverá selecionar o serviço adicional “Cobrança Emergencial”. Para os serviços com postagem a faturar, essa cobrança estará incorporada nas tabelas de preços, de acordo com o pacote do cliente cadastrado no contrato. (Vigência 06/03)
Essa última medida que prevê cobrança de taxa extra para a região do Rio de Janeiro, considerada perigosa, gerou indignação e está sendo contestada pela Defensoria Pública da União (DPU) no Estado.
Segundo os Correios, a cobrança poderá ser suspensa a qualquer momento, desde que a situação de violência seja controlada.
Aumento nas tarifas dos Correios: como isso afeta o e-commerce
Indignado com o aumento e preocupado em como isso pode afetar principalmente pequenos e médios varejistas, o Mercado Livre lançou a campanha #FreteAbusivoNão.
Segundo comunicado emitido pelo marketplace, o reajuste “vai na contramão da recuperação da economia e do desenvolvimento do comércio eletrônico no país”.
Grande representante do comércio eletrônico no país, a Netshoes também se manifestou e demonstrou preocupação em como os novos valores vão impactar negativamente nas vendas em regiões periféricas.
Na opinião de Graciela Kumruian, COO da Netshoes, os efeitos prometem ser ainda mais profundos: a diminuição drástica do poder de compra – e venda – de pessoas que dependem do e-commerce para ter acesso a produtos.
Para o e-commerce, o novo aumento nas tarifas dos Correios pode ter os seguintes impactos:
- Aumento do valor do frete e consequente queda nas vendas;
- Aumento de até 29% nas despesas do vendedor que arca com os custos de envio de encomendas e oferece frete grátis;
- Aumento de até 51% no valor do frete para envio para fora dos grandes centros;
- Taxa extra para cidades classificadas como áreas de risco, como o Rio de Janeiro.
De acordo com o especialistas, esse aumento nas tarifas dos Correios vai atingir as transações realizadas no varejo online em todo país, prejudicando vendedores e consumidores que terão que arcar com fretes mais caros.
Em relação ao Netshoes, Graciela Kumruian diz que eles esperam reduzir o impacto desse aumento para o consumidor, mas que será inevitável repassar parte do reajuste aos clientes.
Segundo ela, “Caso esse reajuste seja levado a diante, todos irão perder, inclusive os Correios, que optaram por uma medida simplista e abusiva em vez de encontrar maneiras criativas de revigorar o seu negócio”.
Aumento nas tarifas dos Correios: Rio de Janeiro
A Defensoria Pública da União (DPU) no Rio de Janeiro abriu procedimento para avaliar os reajustes de preços a serem aplicados pelos Correios.
Além da cobrança da taxa de R$ 3,00 para cada encomenda enviada para a cidade do Rio, os Correios também informaram que haverá um reajuste para os serviços oferecidos à população.
Em média, os valores para objetos postados entre capitais e em âmbitos locais serão reajustados em 8%.
A DPU enviou um ofício à estatal questionando quais serviços de encomenda serão alcançados pelos aumentos de preços, qual o valor de cada reajuste, quais os fundamentos financeiros para fazer o cálculo desses reajustes e quantos consumidores serão atingidos.
Além disso, pergunta se houve cobranças extras também para outros estados que passam por problemas de segurança, como Ceará, Pernambuco e Espírito Santo.
Em nota, os Correios informam que a “definição de preços é sempre baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível e contratação de recursos para segurança, entre outros.”
O Procon do Rio de Janeiro entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal contra essa cobrança e pede uma liminar para suspender o valor adicional, que considera abusivo e ilegal. A entidade afirma que “a quantia adicional discrimina os moradores da cidade do Rio”.
Aumento nas tarifas dos Correios: atualização Mercado Livre
Após uma semana da campanha #FreteAbusivoNão, o Mercado Livre conseguiu nesta segunda-feira (05/03), uma decisão liminar que suspende o aumento nas tarifas dos Correios referente a entrega de encomendas para os seus clientes.
Ainda segundo a decisão da Justiça Federal de São Paulo, a estatal também não poderá aplicar a taxa de R$ 3 para as mercadorias distribuídas no Rio de Janeiro.
Na decisão, a juíza federal Rosana Ferri ressalta que a “plataforma de comércio eletrônico da parte autora movimenta milhares de negócios de pequenos empreendedores fomentando a economia, questão importante a ser considerada na atual conjuntura”.
Os Correios informaram que já foram notificados e “estão trabalhando para obter a suspensão da liminar”. A empresa disse ainda que está cumprindo a decisão judicial, “que se aplica somente às demandas do Mercado Livre”.
Melhor solução para seu e-commerce manter as vendas
Não é a primeira vez que os Correios tentam sanar seu problema financeiro praticando aumento de preços e outras ações que afetam varejistas e consumidores, como já aconteceu antes com o fim do e-Sedex, por exemplo.
Para escapar desse monopólio e prática abusiva, milhares de donos de e-commerce buscam outras soluções de entrega de encomendas, como disponibilizar aos seus clientes o envio de produtos via transportadora.
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